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Por Malu Machado I Fotógrafa e Jornalista

Ensaio Natureza Mãe


O chamado veio de um grupo que participo na internet. Mulher, mãe, fotógrafa, jornalista e doula, Kalu Brum, lançou a ideia e convidou outras fotógrafas a fazerem este mesmo ensaio em suas cidades. Assim nasceu o projeto Natureza Mãe.


Como também mulher, mãe, fotógrafa e jornalista, logo me identifiquei com a proposta e me lancei de corpo e alma. Foi assim que, no dia 4 de outubro, no cenário mágico da Estação Andorinhas, caminho para Ibitipoca, nos encontramos. Nove mulheres, mães, com seus filhos pequenos, eu e mais três amigas, anjos que nos cercaram de carinho e cuidado. Ficamos ali imersas no tempo e no espaço vivendo uma experiência única de entrega e comunhão.


Mulheres são seres que necessitam desta troca. Ali, desconectadas do mundo exterior, fizemos uma conexão com o Sagrado Feminino, desperto em cada uma e em todas, um círculo de sabedorias simbólicas de arquétipos culturais que nos fortalece nas vivências comuns à maternidade.



Despir-se de tudo para se reencontrar. O tempo parado. Por algumas horas o mundo pareceu perfeito. Nenhuma criança chorou, tamanho o equilíbrio emocional que conseguimos neste lugar. Ali, na cachoeira, a força do feminino crescia. Do lado de fora, a força do masculino acolhia, no apoio dos companheiros e amigos que nos ajudaram a chegar até o local. O que foi mais um aprendizado, de que é possível a convivência do feminino e masculino, sem que para um brilhar, seja preciso ofuscar o outro.


Como autora desse registro, fica aqui a minha gratidão para com todas as mulheres que participaram deste ensaio, a todos os homens e mulheres que nos apoiaram para que ele se tornasse possível, e a querida Kalu Brum por sua generosidade em dividir seu projeto comigo e com quem mais vier.


Fica aqui meu agradecimento especial às nossas “anjas das águas”, Edna Medeiros, Tássia Januário e Tamires Cosendey, sem as quais este trabalho não teria sido tão fluido.



Ao ver as fotos deste ensaio, em tempos em que a violência contra a mulher parece viver um retrocesso em nossa sociedade, lembrei-me de tantas mulheres à frente de seu tempo que quebraram tabus e contribuíram para a liberdade feminina. Em especial, lembrei-me de Leila Diniz e de sua famosa foto grávida de biquini que escandalizou o Brasil em 1971, sendo acusada até mesmo pelas feministas da época por estar “servindo aos homens”. O que nos leva a refletir, que qualquer que seja a opção da mulher, ela será sempre julgada.


Lembrei-me da frase de Carlos Drumond de Andrade, dita pelo poeta após a morte de Leila Diniz: "Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão". A mulher moderna precisa constantemente ser relembrada de sua liberdade. Empoderar-se, é preciso. Sempre.


Aline Lopes Bandeira


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Um dia de sol, dia claro, algumas nuvens. Crianças andantes, bebês de colo, muito leitinho, nenhum chorinho. Todos no seu habitat natural. Um lugar mágico, escolhido a dedo, um cantinho cheio de andorinhas. Carinho nos detalhes, na preparação, no processo. União, conexão, um momento sublime. Relembrar os momentos em que éramos só eu e ela. Nos religar, aproximar, em uma fase em que já começamos a nos perceber como duas pessoas distintas e não como uma só, na fusão natural que existe nos primeiros meses de vida.

Em um momento em que ela começa a se ver como uma menininha e eu começo a me reenxergar como mulher. Ela vivenciando de forma natural o contato com seu corpo e eu voltando a ver meu corpo um pouco menos atrelado ao dela, mais meu. Nosso empoderamento vivenciado em comunhão, de uma fase nova, que está se iniciando. Com muito respeito e amor, celebrando a vida. A nossa vida. A vida das mulheres que estavam ali, de todo poder feminino que estava tão presente e que nos deixava e deixa tão unidas. Plenitude.

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Ana Emília Borges


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Essa é uma carta ao meu amor Benjamin.


Filho, esse dia foi tão especial pra gente!!! Pra nossa paz e nosso amor. Pra celebração do nosso encontro nessa vida. Pra ser grata à natureza por tanta perfeição, pra me sentir parte dela e agradecer por essa máquina, meu corpo, que naturalmente te deu a vida.

Filho, sou feliz por você participar desse momento comigo e poder crescer sabendo de tudo isso que só se abre hoje aos meus olhos. Por muito tempo andei distraída, sendo simplesmente conduzida, mergulhada em falsos desejos, falsos prazeres. Com a sua formação, sua chegada e nosso encontro hoje, vivi uma metamorfose, que concretiza o que eu creio, o que eu quero pra mim, pra você e pra todo mundo.

Filho, esse encontro não foi pra ficar todo mundo pelado na cachoeira. Primeiro me despi dos preconceitos quanto a nudez. Segundo me empoderei, retirei forças de todas as outras mulheres presentes, me enxerguei como fortaleza, me senti parte indispensável da natureza. Depois, esqueci dos estereótipos impostos por toda vida. Me vi como vi em cada mulher a perfeição divina, mesmo com qualquer defeito. Comungamos das mesmas dores de ser mãe. Enxergávamo-nos como almas. Almas com medo e fraquezas guardadas lá no fundo. Me vi agradecendo diversas vezes por tudo isso vir à tona e só fiz deixar a água levar.

Filho, hoje vejo tudo de forma diferente, somos seres humanos, natureza. Aprendo a respeitar, a entender a verdade de cada um. Hoje me abro pro mundo aceitando muitas possibilidades. Você não se lembra, mas leva a energia desse dia pra sempre em sua essência. Por isso filho, não deixe nada passar desapercebido ao seu olhar, seja condutor do seu barco, não o deixe ser levado com o fluxo comum. Abra sua alma pra ver o mundo de dentro de você.

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Bianca Martins


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É difícil falar sobre a experiência que tive ao participar do "Natureza mãe"... foi algo único, ímpar, que mexeu demais comigo. Sinto que foi um divisor de águas na minha vida. Tive uma gestação e um puerpério muito difíceis, sofri muito, perdi completamente minha autoestima e fiquei imersa numa tristeza muito grande por estar sempre exausta e sem nenhum apoio. Lutei muito pra amamentar meu filho, contra tudo e contra todos. E foi meu amor pelo meu pequeno que me manteve de pé durante esse período.

Achei que não fosse conseguir me despir na frente de uma pessoa nunca mais, mas ali com todas aquelas mulheres, naquele lugar maravilhoso, me senti outra. Me senti parte de algo muito maior, de algo que nos unia a todas as mulheres ali presentes, aos nossos filhotes e aquele lugar que parecia estar parado no tempo e no espaço. Só existíamos nós ali, integradas e conectadas à nossa "natureza mãe", aos nossos filhos.

Tudo isso me proporcionou um contato que jamais havia experienciado comigo mesma, com a minha essência, com o sagrado feminino que habita em mim e em todas aquelas Mulheres maravilhosas que estavam ali presentes com suas crias. Saí de lá com a certeza de que havia vivido algo que ficaria pra sempre em meu coração e que depois daquela experiência jamais seria a mesma. Pela primeira vez ouvi o chamado, o chamado da minha natureza! À Malu e à todas as participantes minha eterna gratidão.

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Dayana Cruzeiro


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Sou mãe de Maria Antônia, 8 anos, e Ana Beatriz, 5 meses, nasceram de cesária porque eu não estava com as pessoas certas, no lugar certo. Ainda existe um aperto no peito por isso, pois me sinto roubada dessa experiência.

Ana Beatriz mama exclusivamente no peito em livre demanda. O ensaio foi um encontro comigo mesma, uma invasão na minha essência. Encontrei na natureza viva das águas correntes e no verde latente a importância do amor incondicional e da entrega para minha filha. Me senti num momento sagrado, percebi que aquela entrega era tudo que a minha bebê precisava, que eu a estivesse acarinhando e totalmente disponível. Não teve choro. Como ela ficou bem! Um dia tranquilo e de paz para nós. Para resumir, aquele encontro foi uma sintonia entre mãe e filha, mães e bebês. Compartilhar nossas emoções foi realmente incrível... Gratidão.

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Lorena Castro


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Naturalmente despidas de moralismos, regras, conceito.... Vestidas sim de amor, valor, beleza. Vestes que aquecem a alma!! Plenitude! Mulheres reais! Momento gravado para sempre. Coração cheio de alegria e reabastecido de energia ao entrar em contato com nossa mãe natureza! Ver tanta naturalidade e beleza nas curvas de cada mulher e em cada bebe, ali agarrado em sua mãe com os seios disponíveis! Não existe palavra suficiente que demonstre tal emoção. Gratidão à vida!!!

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Mara Peregrino


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DIVINO: Algo sublime, perfeito, maravilhoso, magnifico, supremo. Assim define o dicionário. Assim defino minha experiência no Ensaio Natureza Mãe. A natureza, a grande mãe, estava ali, a me abraçar, me dizendo que tudo é simples. Basta eu me conectar (reconectar) com a mulher, a fêmea que está dentro de mim. VAI FLORESCER!!! A Deusa gritava dentro de mim!

Mas para tal, era necessário que eu me desnudasse. Mais do que roupas, desnudasse do mundo, dos valores que me afastam do meu eu, da minha essência, dessa fêmea. Ali, naquela linda mata, com aquele cheiro inebriante, tomei consciência que sou parte e sou todo!

E FLORESCEU... o ser Divino que estava dentro de mim.

Gratidão a essas mulheres que partilharam seu momento comigo. Gratidão aos meus filhos Marina e Miguel que me permitem todos os dias conectar-me com a fêmea-mãe, ao meu companheiro Michel por dividir e multiplicar a vida comigo. E a Malu fotografa por ter viabilizado esse momento.

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Michelle Marques


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Há dois anos, no equinócio da primavera, estive neste mesmo local do ensaio com um circulo de mulheres que faço parte. Fomos celebrar o Sagrado Feminino, a Grande mãe e conectar com o poder divino da natureza. Fizemos um ritual de purificação nas águas cristalinas concentrando toda a energia no meu útero, e ali eu me abri para gerar uma vida. Em uma argila moldei um útero e coloquei uma sementinha e plantei junto com meu desejo.

Era primavera.... e 3 meses depois eu estava grávida! Voltar em Andorinhas para fazer essas fotos foi de uma grande emoção. Foi uma forma de agradecer às benção daquelas águas, celebrar com a Grande Mãe o sagrado que também mora em mim e que gerou uma vida. Minha sementinha floresceu e gerou um fruto doce e lindo, minha Mallu.

O ensaio aconteceu de uma forma muito natural, mulheres lindas com suas crias, empoderadas, cada uma com uma história a compartilhar. Despindo-se, não só de suas roupas, mas de suas inseguranças, medos e crenças. A energia que nos envolvia era de amor e liberdade. Um Déjà vu ! Um resgate ao meu verdadeiro SER, livre em total conexão com a natureza.

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Simone Lima


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Saí do ensaio com mais perguntas do que respostas.

Por quem me dispo? Se este corpo me pertence e eu sou livre, que medos tenho? Que amarras me prendem? Se me convencem que meu corpo é defeituoso, ou que eu não posso dispor dele, quem lucra com isso? Que lógica perversa alimenta a violência contra o feminino? Somos queimadas, todos os dias, nas fogueiras do patriarcado. Pai, marido, clero, Estado, o estranho que nos aborda... Quem mais, quantos mais?

E se for diferente? E se percebermos que nossos corpos são mais que um pedaço de carne servil? E se nos percebermos inteiras, potentes, perfeitas, felizes?

Tudo que fervilhava em mim como mulher transbordou quando me tornei mãe. Eu pari o futuro. Eu me dispo por este futuro. Um futuro de mulheres livres, de homens também livres, e que libertos possam estar como iguais. Um futuro leve e de presença, como foi todo o encontro dessas mulheres e seus filhos. Alma dentro do corpo, olhos brilhantes, respirando amor, segurança e plenitude.

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Wanessa Aquino


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Este ensaio fotográfico foi singular e captou o que há de mais natural meu e de minha filha. Em meio à natureza, aterrada a um chão molhado e frio, sentindo cheiro de folhas e flores, vivenciei uma oportunidade inesquecível. Minha filha mamando por várias vezes ao longo do dia em mim, feliz e com olhar profundo de agradecimento. Foi fantástico, benção de Deus! Espero poder vivenciar mais vezes esta sensação.

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